segunda-feira, setembro 20, 2004

A limpeza do meu quarto...

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Decidi limpar o meu quarto.
Foi uma decisão difícil, mas após largos anos a meditar sobre o assunto, resolvi fazê-lo.
Sei que não o devia revelar...
Quem é que fica em casa, num domingo em que o sol eleva o mercúrio dos termómetros acima dos 30º, de lenço na cabeça e pano do pó na mão?
Até cheguei ao cúmulo de procurar na aparelhagem uma estação de rádio que transmitisse exclusivamente música tradicional portuguesa, para me sentir ainda mais motivado.
Alguns amigos convidaram-me para ir à praia, mas eu recusei. Só volto a sair de casa quando acabar. Foi um compromisso que assumi comigo mesmo.
Cedo percebi que estava perante uma tarefa, no mínimo, hercúlea. Aliás, quero aqui aproveitar para dizer: “Mãe, admiro-te cada vez mais!”.
Limpar o meu quarto é sinónimo de encaminhar para o lixo 80% do seu conteúdo e, só depois, limpar os restantes 20%. Pelas minhas previsões, devo terminar quando, como consequência do degelo, já todo o litoral de país tiver sido engolido pela subida do nível dos oceanos.
Comecei por deitar fora alguns jornais velhos. Jornais que compro e que, por falta de tempo, levo para casa para ler em pormenor mais tarde, mas que acabam por se acumular no chão meu quarto. De forma, talvez, excessiva.
“Relógios, selos, canetas, isqueiros, até caricas podes coleccionar, mas jornais?!” Olhei para uma pilha de tablóides que ultrapassava a minha altura.
Até o meu irmão goza: “Uns posters do Figo na parede? É muito se bem. Manda ganda cenário! Uns jornais pelo chão? Pseudo-intelectualismo abichanado de quinta categoria.”.
Eu tentei argumentar, dizendo que era uma forma de estar sempre «em cima» das notícias, mas esta teoria caiu por terra ontem à noite, quando perguntei aos meus pais se já sabiam da queda da ponte em Entre-os-Rios... Foi aí, quando o meu pai me aconselhou a tentar a minha sorte na stand-up comedy, que concluí que as arrumações eram inevitáveis.
Tudo isto para falar de uma notícia antiga que li num desses jornais. Segundo a mesma, metade das notas que estão em circulação na zona de Lisboa têm vestígios de cocaína. Uma em cada duas notas tem coca! O estudo foi encomendado a um laboratório alemão e o seu porta-voz afirmou que, nas várias notas de euros recolhidas para análise, foi encontrado pó branco que, posteriormente, se revelou tratar-se da substância em causa.
Daqui concluo que somos todos traficantes de droga. E a mim, não me dava muito jeito, porque sempre fui um gajo certinho... Até já fui trocar (ou como diz o Tuga, «destrocar») todas as notas que tinha por moedas!
Este post serve, pois, para transmitir um recado a quem solicitou o tal estudo: era desnecessário ter pago uma pequena fortuna a um laboratório estrangeiro para encontrar umas míseras micro-gramas de cocaína. Por menos dinheiro eu comprava-lhe duas ou três gramas, aqui na zona J, e ficavamos todos muito mais felizes!

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