quinta-feira, setembro 30, 2004

Vamos ao Shopping? (parte 1)

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Todos nós vamos, com maior ou menor frequência, a centros comerciais.
Ao domingo, o povo português escolhe, normalmente, entre duas hipóteses: ou se enfia num centro comercial, como se fosse uma sardinha em tomate a tentar entrar na lata que já não comporta sequer mais uma guelra; ou fica em casa, no estado vegetativo, a fazer zapping entre o canal 43, a Sport TV com os resumos do campeonato de matraquilhos da terceira divisão do Luxemburgo e a TVI com as suas reposições de filmes, com actores que neste momento estão na famosa Passadeira da Fama, mas como calceteiros.
Que atire a primeira pedra quem nunca vestiu o fato de treino do seu clube de coração, a meia branca, o sapato de verniz para ir à missa e se meteu no carro, em filas intermináveis, para se enfiar num qualquer parque de estacionamento de uma dessas superfícies. Que atire a segunda pedra quem nunca pegou na mulher e nos filhos e os levou a ver as montras do Vasco da Gama ou do Colombo. Que atire a terceira pedra quem não segue a “carneirada” em direcção a esse pastor universal chamado consumismo.
Como é que eu sei?
Mééééééééé...

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terça-feira, setembro 28, 2004

10 Conselhos para sacar gajas

10 Conselhos para sacar gajas neste Verão.

1º Primeiro, acaba com essa cena da higiene de pipi. As gajas já não têm paciência para os meninos lavadinhos, de cabelo molhado a cheirarem a Gió.

2º Tomar um banho por semana, não lavar os dentes, nunca, nunca usar perfume. Este ano o estilo é Cro-Magnon, e não panasca tipo Brasuca...

3º A roupa. Tipo simples. Um homem nunca usa coisas da moda. Nunca usa calças à boca de sino. Se fores nulo em moda, Levis 501 e TShirts sem ser de marca. Só se a marca for Banana Republic. Mais uma coisa. Nunca tires os óculos escuros, nem de dia nem à noite. Mesmo dentro da discoteca deixa-os ficar.

4º Andar sempre embriagado e com um cigarro na boca, mesmo que não fumes, à Humphrey Bogart.

5º Não andar a pé. Só retardadados andam a pé. A vida está cheia de boas coisas para fazer dentro do carro em vez de perder tempo a dar corda aos sapatos. Além disso se não conduzires podes beber sempre andar de autocarro a levar com o SMELL dos pedreiros, carpiteiros...

6º Nunca olhar para as gajas. Nunca dar troco, não flirtar, não namorar à distância, e acima de tudo, nunca sorrir. Trata-as abaixo de cão e mostra quem manda. As miúdas estão fartas de gajos sensíveis.

7º Só há uma abordagem. Quando vires a gaja que gostas vais ter com ela e dizes - Eu sei que devias conhecer-me. Nada de você, penso, creio. Tu sabes. Tu mandas.

8º Logo no início da conversa tens de lhe dizer, antes do teu nome que és especialista em sexo oral. É, segundo a nossa sondagem feita a 3 jovens portuguesas, a àrea onde estão mais mal servidas.

9º Nunca lhes dês nada. Nunca pagues as contas. Nunca agradeças, não a deixes passar à frente, não te levantes quando ela chegar. Nunca lhe dês flores, nunca digas que a adoras, gostas dela ou a amas. Isso são coisas que as gajas têm de te dizer a ti e não ao contrário.

10º Anda sempre com um livro tipo intelectual, mesmo quando vais para discotecas. Abre algumas páginas, marca-as. Mas não o leias. É só paleio Quando ela te perguntar o que estás a ler e se gostas de ler dizes a verdade. Que odeias livros, que isso é coisa de cota e que só usas livros para sacar gajas. Entendeste oh morcão? (sugestão de livros - Siddharta de Herman Hesse, ou A lógica da descoberta científica de Karl Popper.

Se tiverem mais ideias ;) AJUDEM-ME!

sábado, setembro 25, 2004

EU... E VOCÊS...

Às vezes a vida surpreende-nos, quando tudo parece que vai ruir à nossa volta, aparece um amigo que se emociona, com a nossa capacidade de sentir (leia-se amar). Nós os homens temos a capacidade de mimetismo, de fazer das nossas fraquezas forças. Só que quando nos cai a máscara e descobre-se que as forças afinal são fraquezas, só nos resta a esperança que a fraqueza dos outros sejam as nossas forças.

Sabem, nem sempre fui firme nas minhas decisões.
Sempre valorizei mais a comodidade...
E nunca consegui realizar um sonho...
Isso faz-me sentir completamente desiludido...
E agora que o sonho, quase se tornou realidade, foi-se embora...
Mais uma vez, por falta de decisão...
Por falta de coragem...
Por comodidade...
Para não desiludir, a coisa mais importante que realizei na vida OS AMIGOS.
Anulei-me completamente, para manter uma certa esperança que OS AMIGOS, um dia venham a perceber, que troquei tudo, em abono da sua felicidade.
Isto não é fácil de entender, é irreal, nesta época, já ninguém, pensa assim...
Só um louco (como eu), pode abandonar a sua felicidade em troca da felicidade de outro.
Talvez comecem agora, a perceber, como me sinto...
Porque vocês funcionavam como uma BÓIA DE SALVAÇÃO.
Porque o vosso sorriso era como um SOL RADIOSO.
Porque a vossa presença funcionava como um BÁLSAMO.
Os vossos carinhos eram MÚSICA.
Eram a minha ENERGIA...

E AGORA?

Agora?

Fugiu-me a BÓIA...
O SOL apagou-se...
A MÚSICA tornou-se em silêncio...
E a ENERGIA esgotou-se...

Ultimamente, já só escrevo coisas bonitas...
Mas as coisas bonitas, só saem quando, estamos muito bem connosco ou então quando não conseguimos silenciar o nosso coração...

Acontece que estou na fase de recessão, isto é, de ressaca.
E quando assim é, recuso-me a sonhar e o coração nada tem para dizer.
Estou na fase de recarregar as BATERIAS, de voltar a começar, necessito de um rumo. Isso só o tempo me poderá ajudar, não adianta, pensar que é tudo muito fácil, que basta fazer as pessoas que me rodeiam felizes ou pelo menos que tenham a vida mais facilitada.
Sei que a única coisa possível, neste momento, é realmente deixar correr as coisas, pensar que a maior parte das vezes, quer queiram quer não, dificilmente se esquecerão de mim, seja em que momento for. Sei que quando estiverem aflitos vão sempre pensar “... aí se o PEDRO aqui estivesse”...
Vocês estão para além da vossa e da minha vontade...

A partir de agora, passei a valorizar sempre as más experiências...
Só que quando vêm são sempre arrasadoras e necessito de muito tempo para me lembrar das boas...
E nestas alturas até parece que estrago tudo em que toco...
Mas com mais ou menos dificuldade, lá aparece uma coisa boa, que é sempre melhor que a MÁ...

Aquilo que vos disse ontem, hoje e amanhã..., ficará para sempre guardado na minha memória..., porque a vida é feita de actos e vontades...
Lamento alguns actos, prezo muito as vontades...
Desprezo alguns...
Solicitarei a vontade...

A amizade é para os bons e maus momentos...
Porquê terem mentido?
Já vos neguei algo?
Já vos escondi algo?
Já vos fiz algo?
NÃO, mas no entanto não mereci a vossa confiança... apenas a desconfiança...

O afastamento, esporádico, não poderá ser uma batalha defendida por vós...
Pois os movimentos são destruídos pelos sentimentos...
E na encruzilhada em que se encontram, apenas vos posso dizer, para seguirem o caminho que indica a ponderação...
O que disse em relação a mim traduz-se por isto:

“ESTOU ESTUPEFACTO COM A ESTUPIPEZ E HUMANA...
A CRUELDADE FAZ-NOS SER RACIONAIS, QUANDO, DEVÍAMOS SER EMOCIONAIS, PORQUE ASSIM... É MAIS FACÍL” .

PS – Por favor não tornem aquilo que nós tivemos por apenas “mais umas pessoas, que nos passaram na vida...”, tornem aquilo que nós desfrutamos, como um “DOM”, o de termos sido provavelmente o melhor que apareceu na vida “uns-dos-outros”.
E se assim não o foi peço DESCULPA, que não poderá ser evitada..., mas sim por mim sentida...
E a amizade exige sempre 2 grandes pressupostos o de dar e receber.
Muito dei...
Não falo de bens materiais, falo de outros... os transcendentais...
Eu disse que não dava muita importância às pequenas coisas...
Menti!
Não dou é importância nenhuma!



Pedro Nogueira
15 de Março de 2002


(Para os meu AMIGOS)
António
Celeste
Sandra

quinta-feira, setembro 23, 2004

O Puto...

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Tem 16 anos e é romeno. Arruma carros na rua perto do café que frequento. Cabelo louro e despenteado, olhos verdes e com o brilho característico da idade, sorriso reguila.
Todos os dias as mesmas calças de ganga, rasgadas no joelho, sujas. Todos os dias o mesmo anorak azul, gasto nos cotovelos. Todos os dias um cheiro insuportável, cada vez mais intenso. Um banho e roupa lavada era tudo o que precisava para se fazer passar por um daqueles "betos" da Linha. Mas isso não lhe interessa. O puto sabe que aquela imagem é importante.
O puto é enérgico e comunicativo. Salta literalmente de alegria quando recebe uma moeda de dois euros. Uma vez, vi um homem dar-lhe uma nota que me pareceu ser de cinco euros. Foi ver o puto a correr em direcção à pastelaria mais in da Av. Roma, sentar-se ao lado das "tias" incrédulas e regalar-se com uma sandes de presunto. Reparei que, quando as pessoas o evitam e começam a gritar-lhe para não as importunar, o puto começa a falar romeno até que a pessoa desista. O puto entende e fala português na perfeição.
Há uns dias perguntei-lhe quanto é que ele consegue juntar diariamente. Disse-me que faz, pelo menos, 100 euros diários. Cem euros! Vinte contos. Fiz as contas. Sei que o puto está lá todos os dias, o que significa 700 euros por semana, ou seja, 2800 euros por mês. São mais de QUINHENTOS contos mensais...
O puto disse-me que tem 3 mil euros guardados. Quer juntar 30 mil, para poder comprar uma casa na Roménia.
Acho que o puto gosta de mim. Quando me vê, nunca me pede dinheiro e mostra-me sempre quanto já acumulou nesse dia.
O puto ri-se. Eu não. É que ele ganha mais do triplo de mim. Deve ser por ter noção disso (e de que sou funcionário público) que não me pede dinheiro. Por pena... O puto sabe. Sacana!

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segunda-feira, setembro 20, 2004

A limpeza do meu quarto...

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Decidi limpar o meu quarto.
Foi uma decisão difícil, mas após largos anos a meditar sobre o assunto, resolvi fazê-lo.
Sei que não o devia revelar...
Quem é que fica em casa, num domingo em que o sol eleva o mercúrio dos termómetros acima dos 30º, de lenço na cabeça e pano do pó na mão?
Até cheguei ao cúmulo de procurar na aparelhagem uma estação de rádio que transmitisse exclusivamente música tradicional portuguesa, para me sentir ainda mais motivado.
Alguns amigos convidaram-me para ir à praia, mas eu recusei. Só volto a sair de casa quando acabar. Foi um compromisso que assumi comigo mesmo.
Cedo percebi que estava perante uma tarefa, no mínimo, hercúlea. Aliás, quero aqui aproveitar para dizer: “Mãe, admiro-te cada vez mais!”.
Limpar o meu quarto é sinónimo de encaminhar para o lixo 80% do seu conteúdo e, só depois, limpar os restantes 20%. Pelas minhas previsões, devo terminar quando, como consequência do degelo, já todo o litoral de país tiver sido engolido pela subida do nível dos oceanos.
Comecei por deitar fora alguns jornais velhos. Jornais que compro e que, por falta de tempo, levo para casa para ler em pormenor mais tarde, mas que acabam por se acumular no chão meu quarto. De forma, talvez, excessiva.
“Relógios, selos, canetas, isqueiros, até caricas podes coleccionar, mas jornais?!” Olhei para uma pilha de tablóides que ultrapassava a minha altura.
Até o meu irmão goza: “Uns posters do Figo na parede? É muito se bem. Manda ganda cenário! Uns jornais pelo chão? Pseudo-intelectualismo abichanado de quinta categoria.”.
Eu tentei argumentar, dizendo que era uma forma de estar sempre «em cima» das notícias, mas esta teoria caiu por terra ontem à noite, quando perguntei aos meus pais se já sabiam da queda da ponte em Entre-os-Rios... Foi aí, quando o meu pai me aconselhou a tentar a minha sorte na stand-up comedy, que concluí que as arrumações eram inevitáveis.
Tudo isto para falar de uma notícia antiga que li num desses jornais. Segundo a mesma, metade das notas que estão em circulação na zona de Lisboa têm vestígios de cocaína. Uma em cada duas notas tem coca! O estudo foi encomendado a um laboratório alemão e o seu porta-voz afirmou que, nas várias notas de euros recolhidas para análise, foi encontrado pó branco que, posteriormente, se revelou tratar-se da substância em causa.
Daqui concluo que somos todos traficantes de droga. E a mim, não me dava muito jeito, porque sempre fui um gajo certinho... Até já fui trocar (ou como diz o Tuga, «destrocar») todas as notas que tinha por moedas!
Este post serve, pois, para transmitir um recado a quem solicitou o tal estudo: era desnecessário ter pago uma pequena fortuna a um laboratório estrangeiro para encontrar umas míseras micro-gramas de cocaína. Por menos dinheiro eu comprava-lhe duas ou três gramas, aqui na zona J, e ficavamos todos muito mais felizes!

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